terça-feira, 31 de março de 2009

Do verbo "Aprendre"

Custa a vir a paisagem, o homem, a cor púrpura do céu, a mão que suspende o corpo e aprende o peso.

Eu ainda não aprendi a deixar tudo isso correr sem mim.

Humana demasiada humana, um dia desses vou querer desbancar Balzac.

domingo, 29 de março de 2009

Débora Coke


Tive que voltar ao mesmo teatro para saber que ali nada seria interpretado além da técnica. Não havia espetáculo fora dos limites da razão plástica. Se eu desaparecesse um gesto seria posto para cobrir a ausência, um pano faria um breve protesto ou uma bailarina daria um salto.

Por isso voltei aquele assento e entediada assisti aos dois atos.

Senhora do tempo

Senhora do tempo. Relógio de borboleta que pousa nas horas sem propósito. Vive cada instante como se fosse o primeiro e procura dentro de cada segundo o seu milésimo.

(...tempo, tempo, tempo, tempo...)

Loucura travestida de tristeza me examine bem e veja se não posso metamorfosear-me em senhora de um tempo que não é o meu tempo, uma borboleta que pousa onde vê cor e beleza.

( ...tempo, tempo, tempo, tempo...)

Uma oração para rejuvenescer aquele que morre. Aquilo que jamais será no vir a ser.

sábado, 28 de março de 2009

La sirene surprend son sens, elle regard l'interieur de son bateau. Seule le navire qu'elle desire. La terre ferme. Se promener avec des jambes, voler pour chercher les ailles de son oiseaux. Elle chante la nuit, n'est pas pour attirer les marins, mais le bateau.

La chanson est fascinant parce qu'elle est un melange de sel et de sable.

Du vent et des huitres.

(Mais c'est un gemissement et la sirene est un murmure de la mer, 
la preuve de l'existance des profondeurs).

Le soleil eclirant la planet, reveille la sirene de l'ocean et l'attire vers la surface. son rêve est d'exister, quitter la mer d'inconscient. Avoir une ombre et marcher avec ses propres jambes.

Mais c'est n'est qu'une sirene, une invention.

ou:

A sereia surpreende seus sentidos, ela olha para dentro de seu navio. É  só a embarcação que ela deseja. A terra firme. Caminhar com suas próprias pernas, voar atrás das asas de seu pássaro. Ela canta na noite. Não para atrair o barqueiro, mas o barco.

A canção é fascinante porque é um misto de sal e areia.

De vento e ostra.

( Mais é um gemido e a sereia é um murmúrio do mar,
a prova da existência das profundezas).

O sol projetado no planeta acorda a sereia do fundo do mar e a hipnotiza para a superfície. Seu sonho é existir. Deixar o mar inconsciente. Ter uma sombra e caminhar sobre seus próprios pés.

Mas não é mais que uma sereia, uma invenção.

É.

É imenso o caminho para o não lembrar. É incerto e caminho para os caminhos certos. 
É insano e a loucura até que me cai bem. É antigo e sigo para a construção de museus.

É profano e permaneço na concepção do sagrado. É eterno porque existe na memória do enquanto durou.
É perene, é verdade, é um sonho e um pesadelo, é uma trilha que vai dar em mata fechada. É um raio que pode levar a morte. É uma morte que precisa da causas, repleta de pequenas e grandes consequências.

É o fim. ( ...ou promessa de vida pro meu coração...)

Vicissitudes

Corpos frios no interior da caverna. Platão olha lá dentro e diz:

-Repara, se todos saírem com vida teremos certeza de que a caverna é excelente para espetáculos e projeções.

Alguém em Mileto tenta fazer cálculos, sabe-se que há um rapaz de Atenas perdido num labirinto, um jovem morre por ter as asas derretidas, um velho se joga de uma janela por ter julgado a cor de uma bandeira.

Tudo tão contemporâneo que chega a doer.