domingo, 26 de abril de 2009

Primeiro sinal

Um apito frio que invade a platéia como um foco de luz em direção à arena, surpreendente, como o primeiro, ainda meio sem sentido, como o primeiro, prematuro, como o primeiro, demasiado, destinado, embriagante ( o quanto tudo cabe num primeiro sinal, o início e seu fim).

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ps:

Ps: Exceto o ano e o mês de publicação no Estado de S. Paulo, nada me chama a atenção num texto onde tudo faz todo o sentido que não faz sentido algum. Não sei se sou o narrador e você a ruiva do cão basset. Não sei, nem ao menos, se gostaria um dia de escrever como Caio Fernando Abreu, me descuidando do sexo e de suas odisséias. Poderíamos todos sermos o cão basset e daí fugiríamos, como você pretende, dos muros da linguagem. Mas eu ando atenta, atenta e desatenta, desalentada demais para acreditar na importância dos sujeitos. Apenas me movem e demovem os predicados e seus adjetivos. Essa coisa louca e intensa, densa, que é a nossa vida quando pesada na mesma balança. A igualdade é o que mais me apaixona e aprisiona. (A linguagem o que deveríamos aprender na academia). 

Exceto o ano da publicação, a existência de tal escritor, e a epifania de "ter a face para outra pessoa que também tem uma face para você" ou a "tentação" da Clarisse em arriscar falar do abismo, NADA  mais teria me feito te mandar esse texto. 

Bjos.


terça-feira, 14 de abril de 2009

L'ultime vague**

Quanta coisa passa, me parece que o tempo inteiro foi desacontecendo muito rápido e que nós estávamos nele.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Reencontre*

Eu não sabia girar a chave de casa, numa porta a chave gira para um lado, noutra porta, para o outro.  Arranquei os adesivos do Estado do elevador, não faz sentido ter que ficar olhando para uma ordem falha e infantil.

 

sábado, 4 de abril de 2009

Silêncio


Introdução:

Se tivesse dito a solução viria do espaço bem fora do tempo, entenderia como tirar você de trás da tua capa. A realidade seria a chuva metafísica, inundaria o mundo de soluções, sequestraria a sua música de sua abstração e faria filhos com ela. De quem seria a cor dos olhos? A cor dos cabelos? De quem seria as primeiras palavras de um filho que anda por aí, pela chuva, pela noite?

Dirijo as estrelas, sou fã dos astros, busco encontros e tenho um medo insuportável da morte. Medo do canto da sereia maldita e louca.

Irmandade

Já te sinto como se te conhecesse amigo na infância, irmãos nos pensamentos mais cruéis, na apreensão da irrealidade. Eu te digo desapareça, cresça e penso mais uma vez, irremediavelmente na morte.

Sonho, loucura 1

Vivo me esquecendo. Vou arrebentando o peso do tempo, estourando suas veias, derramando paixão, cólera, volúpia pelos ares. Vivo lembrando que esqueço despedidas, medidas de segurança, alegorias.

Pesadelo, os fantasmas 2

Acordo para a infâmia. Me lembro de quando percebi que meu telefone não tocava mais e de como me senti inútil. O mundo desaparecendo com suas utopias, o meu desejo pelo espaço, por uma saída da via láctea. Vivo sempre pensando o quanto é natural não querer mais ser gente. Desaprender tudo desde o começo.

Captopril

Tudo o que é insuficiente e que nele excede.

Pavor

Do palco, da cara sem máscara, do mofo na fantasia, da câmera quebrada.

E se fosse possível, temeria a capacidade de construir mundos sonoros e paralelos.

Desconstrução 1

Dizem que minha geração não pensa, que ela só faz barulhos. Não compõe, não reage, não capta, uma geração prosac, que faz tudo escondido na corrente sanguínea.

O início

Voa! Vai atrás de suas asas, de suas próprias estradas, cante e mande os males para bem longe. Qualquer verdade pode salvar uma criança na chuva. Pegue-a pela mão e atravesse a sua rua.